Há um jogo de computador chamado “The Sims” que é uma verdadeira febre entre os pré-adolescentes, alguns mais crescidinhos e até um que outro adulto. Trata-se de um jogo de simulação de personagens, onde você cria um grupo de pessoas, lhes atribui aparência, uma certa índole psicológica, relações de parentesco, constrói uma casa e uma cidade.

No meio disso há alguns desafios, pois o personagem tem que ser tratado de acordo com determinadas regras: se não tiver ocupação, lazer, sociabilidade e higiene adequadas, tenderá a apresentar sinais de falência que vão da irritabilidade e depressão até a morte. Os Sims trazem ao universo virtual o mais tradicional da infância feminina: brincar de casinha, disponibilizando-o para ambos os sexos.

O fim da sociedade machista impôs aos homens alguns desafios de que outrora eram dispensados. O amor e a paternidade eram vistos por eles de forma mais social, como uma questão de conquistas, preservação da honra e afirmação de sua ética. Completamente despreparados para qualquer assunto íntimo que envolvesse sentimentos ou neuroses, costumavam pouco saber do que se passava com suas famílias ou relações amorosas. No sexo masculino, crescer era aprender a vencer os inimigos e mostrar sua força, para isso bastava brincar de Forte Apache. Para um homem de hoje é problema se sua mulher se declara insatisfeita, seu filho está inibido ou triste ou sua casa é uma bagunça. Para se preparar para isso ele precisa também, ao seu modo, vejam só, brincar de casinha. Como um bom pai de família, precisa cuidar que seus Sims encontrem um equilíbrio entre trabalho e lazer, estudem para melhorar de vida, se divirtam e tomem banho. As meninas também têm acréscimos com este jogo, propondo aos seus personagens mais desafios mundanos do que na tradicional brincadeira de bonecas.

Computador é também lugar de brincar e este é um brinquedo que acompanha a passagem da infância para a adolescência, assim como muitos jogos virtuais de luta permitem a permanência do jovem naquelas lutas de bonequinhos que ele fazia quando pequeno. As crianças usam os jogos virtuais para viver um resto de infância, quando o momento pede que, sendo pré-adolescentes, encarnem logo a fantasia perua-surfista de seus pais e assumam seus papéis sexuais. Brincar é o manusear o grande mundo em pequena escala, é sempre um jogo de simulação de personagens, como os Sims.