Conficções
sobre o encontro da realidade com a ficção
Conviver com um escritor pode ser perigoso. Ele está sempre caçando histórias, chegou a confessar certa vez que no meio de uma discussão de relacionamento com a mulher distraiu-se bolando uma crônica sobre a situação. Episódios da vida de todos os circundantes podem ser capturados por ele e virar fantasia. Embora não tenha pudor em colocar nome e sobrenome das vítimas, ele torce o evento conforme a necessidade literária, nossas banalidades assumem um tom mais dramático. Padecem desse risco principalmente seus filhos e sua mulher, personagens prediletos, além dele mesmo, de sua realidade imaginária.
A própria realidade, vista com a lente da poesia que ele empresta ao cotidiano, vai se tornando igualmente estranha, ficcional. Quando menos esperamos, aprendemos com ele a fazer pequenas crônicas mentais do que vivemos: “isso dá uma crônica”, exclama frequentemente. Aliás, a expressão que intitula esta crônica, “conficção” é dele: Fabrício Carpinejar, que assim encontrou meio de expressar a união entre o depoimento sincero do que se viveu com a fantasia, a ficção.
Fabrício tem um nobre precursor, na figura de D.Quixote. De tanto turvar a realidade com as histórias de cavalaria que lia com ardor, o Cavaleiro Andante forçou aqueles com quem convivia a delirar com ele. Foi assim que convenceu um vendeiro, a quem chamava de castelão, a armá-lo cavaleiro, ladeado por duas moças da vida, que tratava como damas, a quem dizia passar a dever obrigações. Sobre um simples livro-caixa o assim denominado castelão concedeu a nobreza de que sempre careceu. Para tanto, recitou suas anotações em tom de reza, transformando um registro comercial em palavra mágica. Para Cervantes, a loucura é contagiosa, no melhor sentido.
Aquilo que julgamos ser uma realidade tampouco o é, pois memórias são duvidosas e relatos de fatos recentes são romanceados. Até a personagem que julgamos ser é uma construção ficcional, cujas características lapidamos até a morte. Da infância guardamos escassas memórias, cenas, trechos que quando contados nos deixam uma dúvida: será que lembro disso ou estou inventando a partir de alguma foto ou narrativa alheia? Nossa realidade é ficcional.
Quanto à ficção propriamente dita, alguém duvida que ela revela segredos do seu autor, muitos dos quais são inconscientes até para ele? Pura fantasia, portanto, não existe, verdadeira realidade, tampouco. Por isso, conviver com um escritor, ou mesmo com a literatura, é o mais interessante dos perigos: se não passamos de histórias, pelo menos podemos apostar em tornar-nos narrativas bem mais interessantes!
Fluxo da impessoalidade
sobre comportamento no trânsito
Motoristas sobrevoam uma paisagem, de preferência sem dispersão, atentos a rotas, contextos, coordenadas. Lombas e acidentes do terreno só exigem uma rápida mudança de marcha. Nada precisam saber de cheiros, gosmas na calçada, vegetação e sombras, do zoológico de animais domésticos, dos adolescentes coreografando sua música solitária, de velhos ocupados e crianças contando algo a um adulto que se reclina, de pessoas belas, esdrúxulas, vivazes, sorumbáticas. Com cada rosto que se cruza há uma negociação de olhares, uma história imaginada, medo ou confiança. Só os loucos desrespeitam a separação entre carros e pedestres: atravessam a rua costurando entre os carros, conduzindo sua moto de delírio.
Entre os veículos também há breves encontros em que os motoristas se enxergam, no tempo impaciente de uma sinaleira, na redução contrariada de um obstáculo. Mas a identidade não é o corpo, é o carro: é o gordo do Gol vermelho, a loira do Audi prata, o senhor da Saveiro preta. O carro é avatar: através dele expressamos, mas também ocultamos nossa personalidade. Isolados, minimizamos o encontro, xingamos tudo o que obstrui o fluxo. Parar nos deixa acuados, o engarrafamento nos desnuda.
No conto de Julio Cortazar chamado “A autopista do sul”, a história se passa numa estrada francesa, num engarrafamento ocorrido sem razões reveladas. São vários dias de imobilidade, ao longo dos quais os passageiros dos carros vão se transformando em membros de uma pequena sociedade nascente. A identidade das personagens inclui as características do veículo que dirigem. Organizam-se em grupos, lideranças se consolidam, redes de solidariedade se firmam, intrigas ameaçam a união. Nesse tempo de movimento cessado a vida segue: há doença, um suicídio, até uma história de amor brota do árido asfalto. O autismo (perdão pela piada involuntária) do trânsito foi sendo suplantado pela empatia do grupo. Subitamente o engarrafamento dissolve-se tão inexplicavelmente quanto se perpetuara. Retomado o movimento da autopista, os carros se distanciam velozmente e sentimos pena dos vínculos que se desmancham. Instala-se novamente o fluxo da impessoalidade.
Deslocar-se não é um trecho fora da vida. Existimos também no tempo em que ainda não chegamos, enquanto “estamos indo” para algum lugar. Por que não incorporar os trajetos na nossa consciência? Andar, pedalar, usar transportes coletivos (que não fossem uma tortura), são formas de locomover-se vendo sutilezas, suportando a existência de outros corpos. Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo.
Bullying: usos e abusos de um termo
sobre o uso abusivo da interpretação de bullying para situações de violência
De tanto em tanto sofremos epidemias de explicações, e já faz algum tempo que o bullying está nesse registro. Denunciar essa prática é válido para revelar um sadismo que nunca esteve ausente da relação entre as crianças, frente ao qual as instituições escolares sempre foram cegas. Porém, acabamos observando outro fenômeno: o de um termo que acaba deixando de interpretar fenômenos e começa a participar de sua gênese.
Semana passada, um jovem entrou numa escola em Porto Alegre gritando, agredindo e causando pânico na sala de aula. Ex-aluno, justificou-se dizendo que estava vingando o bullying sofrido pela irmã. O assassino perturbado do Realengo também teria sido vítima de tal prática. Hitler teria arcado com as consequências de sua baixa auto-estima e o próprio nazismo seria uma reação do povo alemão à posição humilhante em que o resto do mundo os colocou após a primeira guerra. Um marido traído, motivo de chacota entre os conhecidos, pela mesma linha de argumentação, teria justificativa para matar os amantes e todos os fofoqueiros de plantão. A cadeia de ressentimentos pode não ter fim quando uma vitimização qualquer funciona como justificativa para um ato de violência. É a apoteose dos agressores que se sentem vítimas.
Minha entrada na escola deu-se juntamente com a aprendizagem da língua portuguesa, falar errado e ser estrangeira não foi fácil. Era a única criança judia da escola pública na qual fiquei até a adolescência. Na época, rezava-se todas as manhãs antes do início das atividades (nosso país sempre foi laico em termos), eu era convidada a retirar-me. O objetivo de evitar constrangimentos, ao me impor outra religião, causava um pior: o exílio do pátio. Passei, portanto, por situações que poderiam ter sido caracterizadas como bullying, as quais sempre foram poucas porque me mimetizava, tinha terror de ser tachada de diferente, já que de fato era.
Um padecimento qualquer não é uma sentença de vida, é um elemento com o qual se faz o que se consegue. Na clínica, conheci jovens e crianças que faziam coisas desagradáveis ou ridículas para que isso atraísse a agressividade dos outros, geravam hostilidade e com isso realizavam uma fantasia inconsciente. O bullying é um fenômeno, mas sua causa compõe-se de infinitas variáveis. Ser hostil com os outros, como é o caso dos algozes, provocar os maus tratos sofridos, como por vezes é o caso das vítimas, ou mesmo ser incapaz de entrosar-se, são sintomas psíquicos, mensagens atravessadas. Perceber que a escola é a primeira experiência de socialização, onde podem nascer sofrimentos que perduram, é fundamental, mas que isso sirva para tornar a instituição mais sensível, não para aumentar o coro das vinganças justificadas.
Memória da destruição
sobre o trabalho do artista plásitico Franz Krajcberg e seus 90 anos
Depois de muito expor, o artista plástico Franz Krajcberg se exilou num sítio, em meio às árvores que cultivou e que são hoje tão velhas quanto ele, que completou 90 anos dia 12 de abril. Ele é dono de um trabalho ímpar: esculturas compostas de troncos, ramos e raízes recolhidos em queimadas ou zonas de desmatamento, que ganham vida, mas trazem cicatrizes do encontro com a onipotência dos homens (ver em: http://www.krajcberg.vertical.fr/). O homem não desistiu, aprofundou-se, foi escolhendo caminhos que o embrenhavam no interior da sua floresta particular. Deixou de fabricar Pinóquios, pedaços de pau que na sua mudez falam e reivindicam como o marionete de Collodi. Agora é ele que se lignifica lentamente, não vai morrer, vai virar árvore.
De origem judaico-polonesa, sobreviveu a vários momentos trágicos da Europa, lutou e viu seu mundo e família serem assassinados, queimados, ruírem. Saído da guerra, refugiou-se neste país tropical que somos. Muitos vieram apostando que a exuberância destas terras renderia eterna fartura aos que nelas se exilassem. Cantaram as matas verdejantes, seus frutos e gente morena, deitaram-se em redes, esquecidos do seu velho mundo hostil. Fazem isso desde que o Brasil foi descoberto. Krajcberg não aportou no Brasil para entrar em algum tipo de fantasia idílica, suas retinas continuaram constatando a destruição, mesmo quando ela ainda não era visível. Era inegável que a natureza estava queimando como as cidades que viu arderem na guerra, que a vida das florestas fenecia, como os corpos magros dos famintos, prisioneiros das misérias bélicas que testemunhara. Fugiu de um genocídio para esbarrar num massacre vegetal. Sua obra é por ele intitulada de “memória da destruição”.
Experiências traumáticas esterilizam o discurso, as guerras deixaram gerações de silenciosos, quem viveu o horror sente que contar é reviver, envergonha-se de sobreviver, seu passado é inefável, não espera ser compreendido. Poucos conseguiram tomar a palavra, mas ele o fez esculpindo com as raízes retorcidas de uma natureza que descobriu estar sendo também bombardeada. Para Krajcberg uma destruição é sempre metafórica de outra. Agora, somente fotografa. Como se estivesse coletando e preservando imagens de plantas: espécimes para uma Arca de Noé imaginária. Seus olhos substituem as imagens do que não gostaria de ter visto por outras, maravilhas vegetais que não quer que desapareçam. Fotografando envia-as para uma posteridade à qual não tem muita esperança de que chegarão. A destruição é inesquecível. Sua arte um modo de sobreviver.
Avulsos
Sobre dificuldades enfrentadas por solteiros e descasados
Há ocasiões em que algo que os pacientes dizem interpela seu analista. Uma paciente contava uma história recorrente na vida de muitos: ela é solteira e falava de uma reunião familiar, na qual tentava sem sucesso encontrar lugar na conversa de seus pais e irmãos, cunhados e sobrinhos, todos legitimados pela condição de casal e entrosados na empreitada da reprodução. Embora não tenha constituído família, já havia comparecido acompanhada a esses eventos e sentia-se melhor, pelo menos não parecia ser uma extraterrestre. De repente ela repetiu uma frase minha, pinçada de uma entrevista, da qual eu não lembrava: “a sociedade trata muito mal os avulsos”. O que eu hipoteticamente já sabia, soou como se fosse a primeira vez.
A frase ressoava, desejosa de associações e de uma interpretação. Precisei entendê-la melhor para descobrir por que aqueles que não se apresentam pareados ou com seus descendentes pagam o preço da hostilidade ou da indiferença. Não só solteiros padecem, também viúvos e separados vivem essa sensação de que estão vivendo algo errado. A interpretação que me ocorreu foi a seguinte: identifiquei-me com a queixa da minha paciente porque, quando criança, nos anos anteriores ao segundo casamento, minha mãe também era avulsa. Vivemos ambas, ela viúva e eu órfã, essa condição de deslocadas. Fazia-me inveja a aparência superior das famílias completas, nós éramos tortas.
A família ainda guarda algum prestígio em nossos tempos incrédulos e sem esperança, impõe sua estrutura nuclear – casal com filhos – enquanto cânone, lugar certo para a transmissão de valores e construção da personalidade. Só isso já seria fonte provável de tal mal-estar, vivido pela paciente e na minha infância. Mas há um detalhe a mais: ela é gay e quando comparecia com uma companheira às reuniões todos lhe eram gentis, por mais reacionários que fossem. Então não se trata só de tradição, família e propriedade.
O que mexe com os pareados é uma inveja do avulso, sua possibilidade de estar só, livre para dispor do seu tempo, para escolher caminhos sem consultar ninguém. A solidão pode ser dolorida, mas aos avulsos raramente faltam amigos com quem dividir prazeres e dores, além de amores, que podem até não durar, mas emocionam. Fazer escolhas é perder as outras vidas possíveis e lembrar disso abala estruturas. Os avulsos representam liberdade perdida, vínculos desfeitos, morte, a labilidade do amor. Sua presença desperta desejos e fobias, por isso a sociedade os constrange. Toda diferença questiona.
Amadores do Sexo
sobre Bruna Surfistinha e prostituição
Perdoem-me o trocadilho infame, mas em poucas áreas somos mais amadores do que no sexo. Por isso, as palavras de uma expert, impactam. Raquel Pacheco, retratada no filme Bruna surfistinha, assistido por mais de dois milhões de espectadores, foi uma garota de programa. Sua história, narrada originalmente no livro O doce veneno do escorpião, serviu como elo entre os profissionais do sexo e a vasta legião de adultos, praticantes amadores. Moça de classe média, filha adotiva, acabou rompendo com a família para abrigar-se na identidade de prostituta. Os instrumentos de sua educação revelaram-se na escrita, num blog, batizado com seu nome de guerra, onde contava em detalhes seu cotidiano, incluindo sua avaliação sobre o desempenho dos clientes. Como profissional Bruna era apenas mais uma, foi ao escrever sobre o que todos desejam saber, que Raquel encontrou a celebridade.
Frente ao sexo nos sentimos da mesma forma do que em relação aos computadores: neles sempre há muito mais funções e possibilidades que não sabemos explorar. Mesmo aos mais ousados resta a idéia de estar sub-utilizando sua “máquina” e hoje não perdoamos à vida que não entregue todo o gozo que nos devia. Não faltam sexólogos para instruir sobre os caminhos que o prazer poderia trilhar e as palavras destes sempre encontram bom público, tanto maior quanto for a sinceridade dos autores. É justamente no item da sinceridade que Bruna derrota seus concorrentes teóricos, pois suas experiências são reais.
Gostamos de acreditar que as prostitutas não são de fato mercenárias, porque nos identificamos com elas. Afinal, todos julgam ser como elas: um de dia e outro de noite. O gozo fingido que elas praticam também não nos é estranho, se insinua nas ocasiões em que, no casal, um se consagra ao prazer do outro, numa cena que bajula seu desempenho ou dotes. Além disso, detestamos pensar que a relação sexual possa ser apenas um trabalho, uma tarefa, e não a expressão máxima do que se é, a verdade última do amor e do valor de cada um. Prima donna do nosso imaginário, a prostituta tem por clientela todos os que fantasiam com ela e através dela. Ela encarna a inflação de sentidos que em vão esperamos do sexo.
O texto de Raquel não tem excelência literária, mas estende uma ponte entre a mulher comum e a prostituta. Em suas palavras: “As mulheres tem de ser damas para a sociedade e putas na cama, sempre disse isso. Mas também sempre digo que temos que ser putas mulheres e mulheres putas. Muitas mulheres perdem seus homens não porque não os satisfazem sexualmente, mas porque não são ‘putas mulheres’”. Se multidões se interessaram pela sua história e pelo seu texto é graças ao prestígio que o gozo sexual tem entre nossos valores. Tentamos aprender com sua experiência, afinal, quem não gostaria de colocar no currículo que no sexo é fluente e diplomado?
Casamentos inesperados
sobre a legalização de uniões não convencionais
Os amigos atônitos queriam saber se estávamos casando para usufruir de algum benefício legal, algum convênio. Não era o caso. Tampouco fomos pressionados por exigências familiares. Era teimosia, queríamos ter a condição de casal perante a lei e a nós mesmos e tínhamos pressa. Já fazia algum tempo que havíamos juntado os trapos (naquela época isso era meio literal), mas o casamento era a autorização para sonhar a longo prazo, uma forma de afastar o fantasma da dissolubilidade iminente do vínculo amoroso. Já havíamos passado por uma separação, aprendido o necessário, sofrido nosso quinhão e bastava. Casar é um ato de rebeldia contra a fragilidade das relações, uma negação.
Os companheiros do movimento estudantil concluíram que havíamos entrado para o campo da burguesia, a família aceitou sem entusiasmo. Casamos num cartório feioso, os amigos reunidos num churrasco se cotizaram para comprar uma luminária, de papelão e pano. As tias, às quais brincando eu exigi que trajassem longo, se vestiram de prenda e terminamos cantando tango, muito bêbados. Mais de um quarto de século depois, acho que deu certo, até agora pelo menos.
Neste fim de semana fui ao lindo casamento de duas amigas, elas também viviam juntas há um tempo, mas desejaram formalizar. Na ocasião, com o casal de amigos que partilhava a mesa conosco, fizemos planos para o casamento deles, para ele, o terceiro, um filho de cada relação anterior. Se é certo que os casais gays se amam e unem contra tudo e todos, os casamentos após separações também encontram narizes torcidos. Ambos são uniões fora dos padrões clássicos, graças a isso já nascem ao abrigo do ideal de perfeição, cada dia juntos é uma conquista, uma birra, não uma convenção.
Mas então para que casar? Minha geração apostava no fim dessa formalidade, que hoje se revela viçosa como nunca. A razão é que assim como precisamos do olhar dos outros para saber que existimos, os amores também precisam circular socialmente para consolidar-se. Não somente nossa auto-imagem é mais “exo” do que “endo”, nossos vínculos também são. Amores precisam da benção, não de um padre, mas de todos os outros: pais, filhos, amigos e parentes, com quem também temos relações amorosas. Casar é escolher-se um ao outro, colocando-se esta relação acima de outros vínculos. É uma traição à família e aos amigos, por isso é preciso que eles celebrem e aprovem. Eu aposto nessas relações que nascem no contrafluxo: praticam a tolerância mútua na cotidiana adaptação ao que nunca está onde deveria. Devíamos todos aprender com elas.
Histórias de amor impossível para fantasiar
Sobre a diferença entre viver e fantasiar
Na chamada de capa de uma revista feminina anunciam-se: “histórias de paixão proibida para ler e fantasiar”. Decepção, os casos contados são menos empolgantes do que o título promete. Mas é uma publicação bem comportada, não deveria esperar fantasias lúbricas. Um padre que largou a batina, um patrão solteirão, um primo mais jovem, todos terminando em casamento e era isso. Quando desmascarada, uma história sempre perde o encanto, por isso jamais saberemos se Capitu traiu, essa é a magia de Machado.
De Patinho Feio a Cisne Negro
Sobre o filme Cisne Negro
Todo Patinho Feio teme nunca acordar na pele de um cisne. Só temos a coragem de ler para crianças essa trágica história de Andersen porque antecipamos o final feliz, já sabido por todos. Hoje vejo nas fotos que fui uma menina até bonitinha, mas apesar de filha única e paparicada lembro bem como me sentia insignificante e sem atrativos. Continue lendo…
Boa trégua!
Sobre férias e o livro A trégua
Quando a vigência dos campos de concentração chegou ao fim, os sobreviventes, prisioneiros de várias partes do mundo, começaram a abandonar a Polônia. Alguns partiram rumo ao que restara de seus países, famílias e casas. Outros, que haviam perdido as referências e esperanças, procuraram outros destinos ou a terra prometida de Israel. Nesse momento, por dentro dos cenários de destruição e confusão que caracterizavam a Europa do pós-guerra, vagava um grupo de italianos provenientes de Auschwitz, do qual fazia parte o escritor Primo Levi.