O menino do pijama listrado
Sobre o filme, postado por Mário e Diana
Geralmente questionamos as indicações dos críticos de cinema, sobretudo quando se trata de filmes infantis. Essa nossa desconfiança básica ganhou um reforço quando a cotação de “O Menino do Pijama Listrado” na Folha de São Paulo saiu como péssimo.
Eu me inscrevo, me descrevo: escrevendo em mim
Sobre tatuagens e outras marcas corporais
O hábito de enfeitar o próprio corpo com cicatrizes e pigmentos é trans-cultural e milenar, e agora é moda juvenil no mundo globalizado. As tatuagens, que costumavam ser de uso eventual na população em geral, e de uso massivo apenas em grupos marginais e de instituições fechadas, ganharam um novo e amplo público nessas últimas duas décadas. Os piercings acompanharam a tendência, e em menor escala, mas nessa mesma direção, as escarificações para fins decorativos e os implantes subcutâneos.
Herodes são os outros…
Sobre o assassinato de Isabella Nardoni
Cachorro que late não morde. Usamos esse provérbio para dizer que aquele que expressa um desejo, ou uma ameaça, a princípio não a executará. Espichando ainda mais raciocínio, podemos inferir que aquilo que encontra algum tipo de expressão, quer seja em palavras, pensamentos, fantasias, ou sonhos, não precisará acontecer. Os psicanalistas apostam nesse exercício de enunciação para que não chegue a ocorrer algo grave. Quando o pior acontece, denominamos isso de passagem ao ato, ou seja, uma atitude tresloucada, expressando o que se sente, ou se quer dizer, de forma perigosa, espetacular ou violenta.
Yabba – Dabba – Doo, os Simpsons chegaram!
Sobre o filme Os Simpsons e sobre a família do século XXI
Imagine algo que passe a seguinte mensagem: os norte-americanos são ignorantes; não passam de um povo consumista e impulsivo; sua polícia é idiota e truculenta; os políticos são despreparados, corruptos e oportunistas; o judiciário perde-se em questões irrelevantes; o ensino é deficiente; a população é mal-educada e grosseira; a religião é de fachada e retrógrada; os executivos só pensam em lucro e são os verdadeiros donos do poder; a hipocrisia é a tônica das relações sociais, além disso se alimentam como porcos, bebem demais e estão poluindo descaradamente o planeta. De quem é esse discurso?
Nárnia: crônicas da infância em tempos de guerra
Sobre o filme As Crônicas de Nárnia, intersecção entre fantasia e história
Estamos na Segunda Guerra, Londres é intensamente bombardeada, não há casa segura. O governo tenta minimizar as perdas humanas evacuando as crianças para as áreas rurais. Especialistas são convocados para saber qual a idade mínima para afastar mãe e filho sem danos irreversíveis. Os psicanalistas Winnicott e Bowlby acreditam que até os dois anos de idade é melhor expor-se aos bombardeios do que se separar da mãe. O resto das crianças vai para o interior, mesmo que em situações improvisadas. Dos males o menor. Esse é o pano de fundo do primeiro movimento do filme As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa dos Estúdios Disney, que conta o primeiro livro do universo de C. S. Lewis.
A infância invade o conto de fadas: sobre os 200 anos de andersen
Interpretação psicanalítica dos livros de J. K. Rowling
Mesmo que nunca tenha lido Andersen você o conhece. Talvez apenas não saiba a quem endereçar a gratidão por ter-se embalado nas suas fantasias. Qualquer um de nós já sofreu com a história do Patinho Feio ou se divertiu quando a criança disse que o monarca estava nu em a Roupa Nova do Imperador. Por terem elementos dos contos folclóricos, suas histórias às vezes se confundem com eles, como se também fossem milenares, por isso muitas vezes não são creditadas ao seu criador. Se fosse vivo, provavelmente Andersen tomaria esse equívoco como o maior elogio a sua obra.
Anatomia de Harry Potter
Interpretação psicanalítica dos livros de J. K. Rowling
Harry Potter revelou uma massa de crianças leitoras, cujos números não cansam de ser citados (quantas páginas, traduções, exemplares), porém as razões para tamanho apreço de seu público não foram suficientemente explicadas. Podemos dizer o óbvio: é bem escrito e a autora não cai na cilada comum de considerar as crianças como menos exigentes para com a literatura. As histórias são complicadas, com personagens complexos, viradas surpreendentes e todo um universo de fantasias criado para uso exclusivo do livro. Bem, outros autores já fizeram isso e nem sempre com os mesmos resultados, afinal, criar dimensões mágicas é lugar comum na literatura para esta idade. Então, o que faz a diferença?
Turma da Mônica: um por todos e todos em um
Sobre os 40 anos da personagem Mônica, aspectos psi
Partimos de uma certeza: a Turma da Mônica é onipresente entre as crianças brasileiras e já está fazendo sua segunda geração de leitores mirins. Os pais que hoje compram as revistas para seus filhos leram a Mônica quando crianças. Gibi é para ler e para olhar, por isso não há uma idade definida para se familiarizar com suas histórias, pode se começar bem cedo. Muitos firmam a alfabetização justamente nos quadrinhos e por muitos anos seus personagens vão acompanhá-los. Para os adultos que não os leram quando crianças fica uma leitura chata, os personagens são muito simples, cada um tem uma ou duas características e toda a ação gira ao redor disso.
Para quem não sabe, os personagens centrais são Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. A Mônica tem uma força descomunal mas não a usa para o mal, está sempre acompanhada de um coelho de pelúcia chamado Sansão, que, segurado pelas orelhas e lançado, é sua principal arma contra os meninos que a incomodam. Essa força lhe confere certa liderança, a torna potencialmente “dona da rua”.
Cebolinha é um rapaz esperto, mas não consegue falar os “erres”, tem uma idéia fixa de que o mundo está ao revés com uma menina mandando e quer derrotá-la, embora ele seja seu amigo.
Magali é a melhor amiga da Mônica e só pensa em comer, é uma papona sem limites. Por último, o Cascão. Ele vive em função de sua fobia de água, razão pela qual é um sujinho. Todos têm a mesma idade, seis ou sete anos, ainda não vão à escola e vivem o cotidiano comum das crianças urbanas.
O Sexto Elemento
Sobre o filme Quinto Elemento de Luc Besson
Muitos hoje se perguntam por que trazer crianças a um mundo tão violento, porque continuar a desenvolver uma condição humana que cada vez mais revela-se egoísta e cruel. Em nome de que valeria a pena seguir vivendo e apostando na humanidade? É em torno destas questões gira o filme O Quinto Elemento (dirigido por Luc Besson, 1997).
Papai sabe tudo?
Reflexões sobre a paternidade contemporânea
Havia um seriado americano intitulado: Papai Sabe Tudo. Tal seriado era a banalidade do cotidiano elevado à categoria de pequenos dramas leves. O pai, como diz o título, tomava o centro dos dramas para resolver os problemas: era árbitro, mediador e bom conselheiro dos problemas de seus filhos adolescentes. Tudo isso se passava quando a década de 60 ainda era inocente. O engraçado, é que um tempo depois se soube das fofocas de bastidores: os adolescente atores eram desajustados, a mãe do seriado abusava de barbitúricos e sabe se lá o que fazia o Pai, pouco importa. O que conta era a fachada.