Comportamento
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Da natureza do pai

Sobre o dia dos pais, postado por Diana

Conheci meu pai quando eu tinha seis anos,quando minha mãe, viúva, casou-se com ele.Quando eu tinha 8 meses perdi meu primeiro pai, fulminado por um precoce ataque cardíaco. Quando aquele que seria meu segundo pai começou a cortejar minha mãe, fui-lhe indiferente, tentei seduzi-lo como fazia com todo mundo, mas não de modo especial.

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10/08/08 |
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Orgulho e espetáculo

Sobre o orgulho de ser gay

Não me orgulho de ser heterossexual, aliás, tanto faz, a ninguém importa mesmo. O Orgulho Gay foi e é a tônica de um movimento que veicula uma visão politicamente fundamental: não há motivo para se envergonhar por amar uma pessoa do mesmo sexo. Sonho com o dia em que a primeira frase duma crônica fosse assim: “Não me orgulho de ser homossexual, aliás, tanto faz, a ninguém importa mesmo”. Mas é claro, estamos falando de um ideal. Continue lendo…

O tele-orfanato nosso de cada dia

Texto sobre telenovelas infantis e família contemporânea

Ser brasileiro, habitante da segunda metade do século XX implica em ter em sua memória, entreverado com as lembranças infantis, os hinos e músicas, brinquedos, roupas e tantas outras coisas, um certo acervo de lembranças ligadas a telenovelas, cada época teve um tipo de novela. As lembranças infantis são coalhadas de cenas pinçadas de novelas que os adultos em volta assistiam, incluindo o telespectador criança como participante, seja de roubadinha ou não.

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O tabu da morte

Texto sobre as dificuldades de elaboração da morte

 “A morte é um problema dos vivos. Os mortos não têm problemas
Norbert Elias

 No final do ano passado, assistimos à crise em torno da doença de Ariel Sharon, que teve um grave derrame cerebral quando estava no centro da vida política israelense. Sua ausência gerou tanta confusão que chegou a cogitar-se lançá-lo como candidato à próxima eleição enquanto ele estava hospitalizado em coma, com prognóstico de sobrevivência reservado. No Brasil, duas décadas atrás, sofremos a agonia de Tancredo Neves, transmitida em cadeia nacional enquanto, nos bastidores, os políticos encontravam uma saída para a nossa frágil democracia. Já o papa agonizou em praça pública, em tempo real, via satélite. O espetáculo público da doença e morte desses homens ilustres, os boletins médicos televisivos que esclarecem detalhes da decadência de seus corpos, os cortejos fúnebres monumentais, até fazem parecer que temos lugar para a morte em nossas mentes e em nossa sociedade.

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18/02/06 |
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Auto-ilusão

Texto sobre a falácia da auto susficiência, sobre o filme Muito além do jardim

Entre as tantas palavras que nosso tempo adotou com paixão, uma das prediletas é o prefixo “auto”. E não se trata do automóvel, que tem esse apelido, mas de auto-ajuda, auto-estima, autodidata, autocrítica, auto-biografia, auto-suficiência, ou seja, da autonomia enquanto um ideal. O sujeito auto-suficiente é uma espécie de tradução psicológica do “self made man”, aquele que fez a si mesmo, que foi o grande personagem do capitalismo nascente.

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18/01/06 |
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Trancadas

Sobre a tendência feminina à prisão de ventre

O tubo digestivo tem duas pontas, a entrada e a saída, a primeira é pública, a segunda é privada. A primeira é motivo de celebração, a segunda é motivo de nojo e fonte de palavras que só podem ser usadas para ofensa ou desprezo. A comida é pura, ou pode ser purificada por higiene ou rituais. As fezes são impuras, deixam-nos sujos e contaminados. Comer é bonito, defecar é feio. Isso só não vale para os bebês.

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Menina-modelo

Texto sobre a imagem corporal na adolescência das meninas

Olhe uma revista feminina para mulheres adultas, passe seus olhos sobre  as propagandas, os editoriais de moda, bonito, não?

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País dos expostos

Texto sobre infância no Brasil, crianças em situação de rua e abandonadas

Dedico este trabalho ao meu país de adoção, o Brasil, onde tanto aprendi a ser e amar

Há um menino pobre e esmirrado, encontrável numa esquina da Av. Carlos Gomes, que tem o hábito de abrir portas de carro, aproveitando o lapso de motoristas descuidados que esqueceram de baixar as trancas.Ele não quer nem pode roubar, não teria forças para tanto, apenas interrompe a intimidade do motorista com um impertinente pedido de esmola. Mais de um carro fechou suas portas prendendo seus trapinhos e quase arrastando o pobre infeliz pelo asfalto, o que não o demoveu de tal prática: ele quer entrar.

Nosso contingente de pequenos excluidos só penetra nas vidas dos que estão “por dentro” assim: metendo a mão no trinco, no bolso ou na bolsa, intrusivamente. Há ainda outra entrada: através da mídia. Em esterilizadas imagens bidimensionais, como protagonistas de uma história triste, triados e narrados pela pena hábil de um jornalista, com a carinha estampada em uma caixa de sapatos, no marketig cultural da novela de televisão, assim os recebemos por um frágil momento. Há casos em que estas aparições ingressaram as crianças em um caminho de solidariedade que lhes deu algum cuidado mais perene, mas a maioria, como o Pixote Fernando, terminam por ser deixado a mercê de seu destino mortífero.

Nossa imagem internacional está associada à chacina impune da candelária, ao extermínio sistemático de crianças que, não tendo outra forma de entrar, metem a mão no bolso. Gostaria de trabalhar sobre o conceito de exposição, na tentativa de elaborar essa infância desamparada. Tentaremos fazer com esta conceptualização, uma diferenciação do que seria o abandono, do filho deixado como um resto, um dejeto, a exposição seria um tipo de apelo, uma busca ativa de inserção, pertença, filiação, como queiram chamar.

Farei um uso particular e livre do termo “exposição”, significando um abandono que contém um apelo para que alguém pegue. Creio que a inconsistência da filiação que o abandono e a delinquência das crianças de rua denunciam são mais que um fenômeno, consistem numa verdadeira metáfora de nossa nacionalidade.

O Brasil é um país criança, aqui se ensaia, se brinca, se faz pouco caso das coisas sérias. Estamos sempre em desenvolvimento, não passamos de potencial. Como então ser pais?

Porém, o trocadilho de país, pais dos expostos está aqui a lembrar que as crianças que tentamos varrer para baixo do tapete da história tem pais, homens e mulheres que abandonam mas estão dispostos algumas vezes a resgatar seus filhos. Esta retomada acontece por obra de intervenções sociais, ou depois da aparição do filho no jornal, às vezes depois que outrem tenta adotar, na maior parte das vezes não ocorre.

Chocados, acompanhamos o aparecimento sazonal de crianças abandonadas em logradouros públicos. Empolgados, participamos de uma extensa corrente de desejo por essa criança a quem inúmeros casais querem adotar. Mais atentamente ainda, dedicamos nosso pasmo às mães assassinas e loucas, como a mocinha americana que recentemente teve seu bebê no baile de formatura, estrangulou, depositou na lixeira e voltou a dançar. Semana passada, um bebê foi salvo por um triz do triturador por um lixeiro paulista que, na condição de pai de família, declarava na imprensa aos prantos sua impossibilidade de entender o que levaria alguém a cometer semelhante crime. Nesta semana, a imprensa gaúcha noticiou o aparecimento de um bebê deixado em uma lixeira em Cachoeirinha.

A princípio parece incompreensível tal intolerância à condição de pai ou mãe, que a chegada de um bebê precipita. Estes movimentos desesperados de supressão da operação produzida por um filho naquela que o gestou, interessam-nos porque precisamos saber mais sobre as razões que levam os pais a ter muitos filhos e a livrar-se deles como de um grito, um choro que precisa ser silenciado a qualquer custo. Precisamos saber porque em um determinado momento um bebê é surrado até afogar seus gritos no silêncio da morte. Porque uma criança maior é expulsa do seio da família à base de agressões físicas e ou sexuais.

Muito se fala da explosão demográfica dos paises subdesenvolvidos, remete-se este problema à desinformação sobre contracepção. Sinceramente não acredito que esta seja a causa maior. Se já não costumamos falar em proletários, referindo-se àquele que tem na prole sua única riqueza, pois isso tornaria mais incompreensível semelhante crueldade e descaso, podemos pelo menos pensar esta incessantemente renovada maternidade como algo que insiste, uma repetição de uma operação cuja frequencia revela a consistência inatingível. Estes filhos são tidos sem que com isso uma paternidade seja fundada, com a mesma frequencia com que algumas mulheres engravidam e abortam muitas e repetidas vezes sem com isso tornar-se mães, mas sempre reeditando o desejo e sua morte.

Estes pequenos que ganham as ruas tem nome, sobrenome, uma pequena história para contar e uma estruturação mínima. É um exposto que tem ou teve pais. Pelo menos uma mãe e a figura intercambiavel de um ou mais padrastos que faz o papel de homem da casa. Entre os diversos tipos de abandono legalmente considerados (moral, material e outros) o destas crianças tem a particularidade de que parcas vezes permite uma substituição.

Estas crianças consideradas “de rua”, possuem na rua um espaço externo que é interno a elas. Na rua trava-se todo o tema do apelo, do roubo da atenção que desejam. Na apropriação indevida de um atributo imaginário que substitua o traço constitutivo que insiste em não consistir, tenta se fazer valer um imaginário que subjetive: um tênis, um boné. Na rua de tanto em tanto vem algum advogado, juiz, promotor ou assistente social que faça de pai lembrando as pautas da lei ao mal-educado. Na rua se vive o drama do apelo para ser filho de algo ou alguém. A mesma operação que o pequeno delinquente faz, é o que podemos encontrar nos pais abandônicos que insistem em ter e vomitar pequenos brasileiros para as ruas em repetida tentativa de engendrar um filho que faça valer um pai. Somente entendendo esse mecanismo poderemos buscar uma solução que não passe pelo extermínio, assassinato ou a exposição dramatizada sob o tema da adoção internacional.

Não há substituição porque há uma operação em curso, pois mais que uma falta de lugar, a rua é um lugar. Está tão fora de casa quanto um seresteiro está para fora da janela de sua amada. Como o menino da Carlos Gomes, o da rua quer entrar, mas não num lugar qualquer, quer pertencer. Busca o que faça consistir algo que já existe mas não consiste, um traço que não se faz operante, que persiste enquanto enigma paralisante jogando os seus portadores num eterno presente pontilhado pelo gozo e a morte.

É importante que lembremos a posição de Donald Winnicott relativo ao que ele chamou de tendência anti-social (1). Esta se revela pelo empenho em produzir um efeito no entorno, compelindo o ambiente a produzir uma resposta ou fornecer o objeto que portaria a resposta à pergunta do quanto valho e para quem. Trata-se de um indivíduo que rouba ou depreda algo de alguém que de alguma forma lhe interessa. Winnicott considera este um ato de esperança da parte de alguém que padece de algum tipo de privação afetiva. Em sua leitura sobre a delinquência, Charles Melman (2) também encara essas condutas como um “ato que daria um estatuto subjetivo”, tentativas de “fundar” ou “legitimar” aquele que as comete.Melman lembra o caráter repetitivo deste ato face à sua inefetividade. Mais uma vez, pensamos que aquilo que inisite, resiste.

Livrar-se da criança, quer seja sob a forma do extermínio, do aborto tardio ou do abandono, significa suprimir o apelo que coloca um adulto frágil frente à injunção da paternidade. O convívio com a infância joga o adulto no cerne de sua própria história, a de ter sido filho, a de ter sido também pequeno um dia. Matar uma criança é também matar a própria condição infantil, o drama de ser também filho e o de depender de alguém para ser. Para estas mães que tratam seus filhos como dejetos, livrar-se daquele corpo é apagar a realização de uma demanda insuportável. Aquilo que elas abandonam não é um filho, é um corpo de criança que a subjetividade materna não pôde conter. Os pequenos delinquentes exterminados também estão melhor na condição de corpos, de cadáveres, que calam seus incômodos atos usurpatórios de algo que a sociedade não quer ou não consegue lhes dar. Quando morre uma criança é uma filiação que deixa de ser tentada.

A toxicomania também é uma alternativa socialmente viável para afogar o grito infantil. Uma criança que não tem outra temporalidade que o presente imediato do gozo, tampouco coloca muitas perguntas difíceis de responder. O encontro com o objeto loló, coca, crack ou qualquer outro, liquida quaisquer impasses sobre a origem e o destino. O circuito é curto e autosuficiente, esgota-se na vida fugaz do prazer toxicômano e do próprio drogado, o tempo é instantâneo, o passado desimportante, o futuro é agora.

Por isso torna-se importante que possamos nos dedicar àqueles que de alguma forma não desistiram, às crianças que mesmo na rua tentam brincar, aos que tentam alguma forma de estudo e aos pais que tentam ter filhos, insistindo na repetição de uma paternidade que parece não decolar do momento real em que uma criança vem à luz.

A palavra exposição remete de alguma forma a um espaço externo, a algo que é dado a ver para convocar um olhar que dê um lugar para viver. Exposto é posto do lado de fora. É assim que ocorre com toda mãe por ocasião do parto: ela precisa ver o bebê e reconhece-lo como idêntico ao que guardava em seu ventre. Há um “fora” onde se joga o apelo de inserção. Por isso, para pensar sobre o tema da filiação, precisamos refletir sobre o espaço habitado por uma altíssima percentagem dos filhos do Brasil: a rua.

Lembro-me que tive uma experiência de “rua”, como deve ter ocorrido com muitos dos presentes: uma vez, devia ter por volta de quatro ou cinco anos, fiquei tão ressentida com minha família por algum motivo tão relevante que hoje não me lembro, que resolvi ir embora. Fui ao meu armário e peguei uma pilha qualquer de roupa que levei comigo. Na sequência, sentei-me na escada do prédio. Os meus, vendo que não iria longe, deixaram-me fazer a cena toda e instalei-me na escada do prédio. Ali fiquei, sem angústia aparente, fruindo dos efeitos de estar fora e supor a falta que eu faria para os que estavam dentro. O lugar onde eu estava ou iria não tinha importância, o significativo era o de onde eu saira e a única imagem que tenho é de meu olhar para a porta do apartamento, à espera, evidentemente, de resgate. Estava ali em jogo a condicionalidade do amor que me era dirigido.

Mas o que sentem aqueles que ninguém vai buscar? O espaço onde estão é este fora olhando para a porta, mas a espera inútil não deve ser sem efeitos. Por isso precisamos entender o apelo que uma criança está sempre a fazer, precisamos levar em conta qual é a porta para onde ela dirige seu olhar para abri-la, é esta porta e não outra onde ela vai entrar, de todas as outras, FEBEMs e juizados ela fugirá para voltar à sua escada, onde contempla sua porta…

O apelo pela consistência de uma paternidade é um tema que não se conecta única e exclusivamente com o problema factual do sofrimento infantil, funciona, ao meu ver como um verdadeiro samba-enredo do cidadão brasileiro. Aqui habitamos na condição já bem definida por Chico Buarque, em Partido Alto:

“Deus é um cara gozador, adora brincadeira.

Pois pra me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro.

Mas achou muito engraçado me botar cabreiro.

Na barriga da miséria, nasci brasileiro.”

Barriga miserável é sem maiores dúvidas sinônimo de Brasil, ventre pobre de valores, carente de cultura, subnutrido de pai, mãe, vô, vó, bisavó, trisavó. Estatisticamente falando, talvez não sejamos um país mais cruel com a criança do que Paquistão, Ruanda, Iugoslávia, México e tantas outras paragens do mundo onde a infância oferece a face mais horrível do subdesenvolvimento. Ao que parece, nossa especialidade é o extermínio impune. Mas seria uma discussão inútil entrar no mérito de se esta é uma variável mais terrível do que o trabalho escravo e mutilatório das crianças nas minas ou na fabricação de tapetes, o turismo sexual pedófilo, os espancamentos realizados instituicional ou familiarmente, a fome, a doença. O museu dos horrores é interminável e podemos navegar à vontade nele na tarefa de escolha do país mais cruel.

Porém, independente da nossa posição no ranking da selvageria, o abandono da criança brasileira é um fato. Trabalhemos então um pouco sobre o valor de um pai para seu filho e de um filho para seu pai, buscando uma aproximação com as razões pelas quais a criança brasileira é uma exposta a ser recolhida pela comiseração do mundo, para uso instantâneo da pena e nada mais.

A prática romana da exposição nada tem a ver com a imagem de crueldade que estamos acostumados a lhe emprestar. Possuimos a imagem de um bebê, impotente corpinho, desprezado pelo pai que ao não reconhece-lo joga-o na rua para ser recolhido da calçada pelo primeiro perverso que passar disposto a tomá-lo como escravo sexual. Esta história a conhecemos, é a de muitas das nosas crianças de rua, mas não necessáriamente tem a ver exatamante com a exposição de um pequeno romano. A figura da exposição serve aqui para nos lembrar que há uma clara linha separatória entre o pai e o genitor. Uma criança romana circulava pela sociedade com uma ampla liberdade relativa às suas origens, mesmo quando não exposta podia ser tomada em adoção por um cidadão importante que o quisessse fazer sucessor ou herdeiro de sua posição, honrando com isso também seu pai biológico. O parco naturalismo da família romana serve para lembrar que um filho tem que ser tomado no projeto de futuro de alguém e que isso basta para existir.(3)

Evidente que isto passou por inúmeras oscilações ao longo da história, onde laços de sangue foram sucessivamente sendo determinantes ou irrelevantes, ao sabor da organização social da época. Apenas sirvo-me desta figura da exposição como metáfora de um processo que me parece mais rico que a figura do abandono puro e simples.

Um menor abandonado, o que é diferente de um bebê descartado ou exposto, tem pais. Sabemos que o pequeno humano não tem subjetivação posível se não representar algo para outrem. Por mais que chamemos as grandes cidades de selvas de pedra, considerando o comportamento agressivo e selvagem que podemos chegar a ter quando nos amontoamos em pouco espaço e muito sofrimento, uma criança criada entre pessoas será um humano, o que só é possível quando se teve algum tipo de pais.

Um ser humano criado entre bichos, será bicho. Temos muitos exemplos de crianças lobo, gazela e outros bichinhos, elas são a prova impressionante da plasticidade do ser humano. Assistimos ao pequeno gazela dar saltos de quatro metros sobre suas “patas” mesmo com aparente pouquíssima idade, vimos os lobinhos pelados como Victor e Amala e Kamala desenvolverem seus caninos e se comportarem como um perfeito filhote de canídeo. Nenhum deles falava ou parecia dar mostras deste incível potencial de inteligência com que os humanos garantimos nossa supremacia no reino animal.

Um ser humano abandonado que não tenha encontrado nenhum tipo de pais, simplesmente morrerá, como bem provou Spitz em seus estudos sobre hospitalismo (4). Um ser humano que tenha somente mãe e nenhum tipo de pai, simplesmente enlouquecerá (aqui nos atemos às teses lacanianas sobre a importância de uma metáfora paterna para garantir uma organização mínima em nossa complexa subjetividade). Um ser humano cuja mãe lhe dê um lugar vazio, que é diferente de lugar nenhum, simplesmente se tornará um autista. Vejamos então o que acontece com um ser humano que superou todos estes obstáculos: não é um lobo, não morreu, nem enlouqueceu, nem sequer é autista, mas foi expulso do seio de uma família frágil quando ainda estava em fase de constituição.

Passados todos estes riscos chegamos à conclusão de que este ser humano teve alguém em nome de cujo desejo existiu. Ora direis, grande desejo este que deixou o filho nas ruas à mercê da violência, dos vícios, do frio, da fome! É importante que mantenhamos algum termo de diálogo com estas obviedades para tentar atingir algum tipo de sabedoria. Já dizia Nelson Rodrigues, só os profetas enxergam o óbvio, tentemos então. Esta operação de reconhecer o mínimo indispensavel de uma filiação que se operou em uma criança abandonada depois de ser nomeada, implica em reconhecer nesta mesma o direito a algum tipo de dívida para com estas origens.

Aqui a resistência ao reconhecimento da dívida, começa a ser compartilhada pelos profissionais que assistem a essas crianças e por um já senso comum sobre o assunto. Como podemos conceber que alguém que nada tem seja devedor de outro? Aqui começa um dos nós que dificulta a vida dessas crianças, vão se subjetivar numa negativa de alguns elementos de sua origem. De fato não ajudamos muito a essas crianças se fizermos coro a uma desvalorização dos pais e das condições que os fizeram bem ou mal existir.

Se pensarmos que os pais de alguém valem nada, implica que lhe sugerimos que viva uma fantasia de autoengendramento. Sabemos que esta tem como consequências a perversão, quando se pensa poder prescindir do pai, ou a paranóia, quando ele retorna para se apossar de todo o ser do filho ingrato.

Quero que fique absolutamente claro que não estou aqui a defender que uma criança deve permanecer vivendo junto de seus pais mesmo que estes a espanquem, estuprem, escravizem ou abandonem sistematicamente. A legislação brasileira é bastante respeitosa da origem biológica, podemos lembrar alguns absurdos inclusive que foram cometidos em nome dos pais “verdadeiros”, retirando crianças de famílias das quais já se sentiam filhos em nome de um vínculo no qual a criança já não suportava viver. Recentemente acompanhamos na imprensa um caso desses, onde uma mãe completamente abandônica teve direito a retirar seu filho de uma família de adoção que o havia retirado das ruas. Estou apenas defendendo a necessidade de que a criança tenha direito a uma história, a um reconhecimento da existência de seus pais, afinal, como dizem alguns filhos, “eu não pedi para vir ao mundo”, o que equivale a exigir dos pais que reconheçam o fato de que se um filho houve e ele é um ser falante, algum desejo ele representa. Afinal, se alguém veio ao mundo é porque alguém pediu!

Um caso extremo e trágico de apagamento das origens é o dos bebês filhos de desaparecidos argentinos que foram criados por famílias ligadas a seus algozes. Ali há uma história secreta, um passado escondido e nesta condição funciona como algo que inviabiliza as duas filiações, tanto relativo à família de quem esta criança foi roubada, quanto relativo à família que a criou com o amor que mesmo as mais sanguinárias feras dedicam às suas crias. Fazer algo com o abandono passa por partir de uma condição triste que não se quer conservar, mas não passa por invalidar um lugar de origem, uma história, seja ela pequena, grande, triste ou trágica.

Situação um pouco diferente temos frente a um bebê exposto. Esta é uma operação diferente do aborto tardio, dos bebês assassinados. Estou me referindo ao que são doados, deixados não em lixeiras, mas em portas de pessoas que a comunidade considera beneméritas. Trata-se também da moderna roda dos expostos que são os hospitais: os bebês ali paridos são deixados para serem recolhidos por famílias inférteis. Como bem recordou a dra. Silvia Nabinger, não podemos esquecer que aqui se trata de dar algo de sí, como a doação de sangue, de esperma. Essa doação é a realização de um voto de aprimoramento das origens, uma parte do meu ser viverá uma vida que eu não poderia lhe dar. Sabemos que esta é uma das grandes questões de um filho adotivo, a dúvida sobre o que fazer com aquele resto dos pais biológicos, pois a eles se deve a existência do corpo, mas de cuja rejeição nasceu um destino que se acredita mais bem aventurado que o que se teria permanecendo junto desses que geraram e pariram. O impasse dos que para ter pais tiveram que perder seus genitores.

Mas que alguém realize algo próximo da fantasia de trocar uma filiação pouco nobre por outra melhor não quer dizer que embarquemos todos nesta canoa. Nesta viagem da troca da origem brasileira por um pai-país melhor, embarcam nada menos do que 300 bebês por mês, provenientes só do estado de São Paulo, destinados à adoção internacional.

Não creio que estas crianças que encontraram um bom destino junto a famílias estrangeiras ou brasileiras mais abastadas padeçam do segredo inviabilizador da filiação que acomete os pequenos argentinos, cuja exposição foi fundada por um crime, um assassinato, um roubo. O recalque da filiação que me preocupa é o das nossas próprias origens brasileiras, que faz com que o tema da parentalidade seja de solução particularmente dificultada em um lugar onde a origem é motivo de vergonha. Assim como não temos direito de julgar a nobreza dos pais de ninguém,como se fosse algo que pudesse ser trocado ou apagado,tampouco serve pensar que a condição de brasileiros é algo que possamos fazer sumir sem efeitos. Com que direito afinal defenderíamos para outrem que é melhor pai nenhum do que um pobre, bêbado ou drogado? Com certeza, este pai é sempre melhor do que nada, eis uma aparente banalidade que esquecemos com facilidade.

Christopher Lasch já escreveu em seu “Refúgio num mundo sem coração” (5)um verdadeiro libelo contra a facilidade com que famílias são dissolvidas e pais interditados, ele descreve com minúcia o processo pelo qual os pais foram sendo saneados em nome da sua nocividade na constituição dos filhos e trocados por outros saberes médicos, socias, psicológicos que ofereciam uma versão descarnada da família mais nobre, mas que tinham como verdadeira operação a interdição da família originária.

Não é só o Brasil que padece desta imagem de mau pai dos seus filhos, capaz de gerar, mas não de criar, já foi metaforizada esta idéia como “princípio dos vasos comunicantes” (6), ou seja, países pobres, em eterna explosão demográfica, vazariam bebês para países ricos, possibilitadores de maior bem estar para aqueles a quem a vida deu uma péssima “contingência do nascimento”.

Aliás, como recorda Agnes Heller(7) a contingência do nascimento, da possibilidade de que o destino e a origem independam entre sí e cada um escreva sua versão do destino é algo muito grato à cultura contemporânea. Porém, lembra esta autora que a contrapartida desta folgada liberdade está do lado do pior tipo de fantasia de morte: a de nunca ter nascido. Afinal, se não estamos predestinados a uma determinada existência temos também que levar em conta a possibilidade de que podemos não estar predestinados a existência nenhuma.

Já não acreditamos muito em que Deus tenha escolhido a cada um de nós como especial para vir a um lugar especial do mundo, o criador cada vez mais é um calmante para os momentos de angústia e menos a causa última de tudo. A renovada força das crenças relativo à reencarnação, das religiões espíritas e misticismos variados vem suprir esta lacuna que a grande religião deixou: a tranquilidade sobre uma certa predestinação que daria um aval divino à nossa história. Mais do que nunca então estamos predispostos a que alguém nos erga em seus braços, reconhecendo o direito a que ocupemos um lugar no mundo. Para Heller, frente a estas incertezas, é do amor que hoje podemos obter alguma tranquilidade sobre a realidade de nossa existência: sou amado, logo existo.

Porém, o desejo de ser tomados como objeto do amor alheio tem sua contrapartida persecutória: a fantasia do tráfico, seja de órgãos, seja de órfãos. A fantasia do tráfico de órgãos toma a imprensa por períodos, surgem relatos, endereços, testemunhas, as polícias buscam e nunca nada se verifica.

Sempre e quando o amor está em jogo, o tema da condição de objeto vem sempre à tona. Uma criança tomada como objeto de valor, tomada por outrem como um corpinho sem passado em que depositar seus desejos futuro, isto é a adoção de um bebê. A bem da verdade é isto também o nascimento, pois como lembrava anteriormente, é absolutamente nescessário que haja um reconhecimento do filho nascido como próprio. Muitas patologias infantis surgem no momento do parto quando esta separação entre mãe e filho dá lugar a um desencontro entre o filho de fora e o de dentro.Muitos pais neste momento fantasiam encontrar neste bebê a imagem de outro homem, negando reconhecimento a este filho com base em um ciúme delirante que invoca outro para o lugar de pai. Como vemos, na verdade o nascimento é uma exposição. A condição inerme da criança frente a esta operação é algo que desliza para todo um fantasiar sobre os usos que podem ser feitos disso e a mais típica é do assassinato de bebês para efeitos de tráfico de órgãos. Talvez tenham havido alguns episódios deste tipo de crime, já nada nos surpreende em termos do exercício do mal. Mas tomar uma criança apenas pelo valor de sua carne é a condição extrema da objetalização, afinal que maior desrespeito a uma condição subjetiva do que ver alguém como um saco de órgãos pronto para se desmembrado e usado? Por isso para além da circunstância concreta do crime, as ondas de boatos sobre isto são recorrentes.

Porém, a circulação de crianças pelo mundo para efeitos de adoção é um fato concreto, este é o verdadeiro tráfico, no sentido mesmo do “trafegar” (6). A palavra tráfico, com suas reverberações para o tema do tóxico, das mulheres destinadas à prostituição escrava, denotam a condição de objeto de uma criança, algo que pode ser levado de um lugar para outro, ser negociado, mudar de dono.

Tomada em uma estrita posição objetal, uma criança corre o risco de ser um agente de obturação da castração materna, objeto tampa do buraco. Não há nada que temamos mais do que ser engolidos pela mãe. Ser objeto de alguém sempre remete a esta fantasmática, o apagamento da subjetividade daí decorrente é algo que rende sofrimentos a muitos, tanto sob suas formas mais leves como mais radicais, geradoras dos quadros mais graves da psicose. Sendo assim, não é de surprender que um bebê possa se constituir em um valioso objeto que rende dinheiro.

Que um filho seja um objeto de amor, desejo e extensão narcísica dos pais já é uma espécie de chavão não só psicanalítico como social. Temos isto como culturalmente estabelecido principalmente a partir do século XVIII, quando a infância passou a ser um período de investimento na elaboração de um filho que coadunasse com um ideal social e familiar. Demos isto como psicanaliticamente explicado, principalmente a partir do texto sobre o narcisismo (8) e dos textos da década de 30 sobre a sexualidade femenina (9). Na leitura destes textos encontramos a equação simbólica fezes-pênis-bebê e a descrição da possibilidade de uma mulher reivindicar um filho como a reposição do que a castração femenina a privou.

Dos filhos espera-se que superem as limitações, completem as faltas e liquidem as dívidas parentais. Uma mulher espera que de um filho advenha o reconhecimento amoroso definitivo, o dom que um pai fica sempre devendo à filha e que faria finalmente valer o nome que ela porta, a prova de que ele a reconhece e legitima num lugar definitivamente fálico. Por isso as mulheres levam em geral o nome do pai de seus filhos. O filho é a escritura desse lugar, portanto, precisa ser possuido, ostentado, contemplado.Nada estranho então que o amor materno esteja sempre a lembrar a condição de objeto que tanto tememos, pois dali a ser tomados como objeto fetiche não há mais que um passo.

É uma realidade que advogados inescrupulosos e verdadeiras quadrilhas estão envolvidas de forma extremamente abjecta, principalmente nas adoções internacionais. É também verdade, que casais estrangeiros estão dispostos a pagar somas elevadas pela aquisição de um bebê. Se há um tráfico é este, de adoções “legais”, mas que envolvem criança na condição de uma valiosa mercadoria. Não é novidade que, como brasileiros, pensemos valer pela nossa carne. Pensamos ser atraentes para o olhar externo pelos corpinhos de nossos bebês sem história, pelas carnudas nádegas da mulata sem rosto, pelas belezas da terra apesar da gente que não vale nada. A condição objetal talvez responda à pergunta sobre o ser que pode encontrar a resposta do amor, que alguém nos tome em seus braços e nos leve. É precisamente esta a triste fantasia das mocinhas nordestinas que se entregam ao turismo sexual, muitas vezes esperando a recompensa de um europeu que as leve. Olhar comprido de esperança na praia, na melhor das hipóteses recebem a visita periódica do branquela a cada novo carnaval.

Evidente que estas colocações que tomam um país continental multifacetado com personagem não passam de pobres caricaturas, tratam-se apenas, de uma tentativa de brasileiro de dar conta de uma validade desta origem, de que possamos fazer valer este lugar de forma a não cair na desesperada solução de que a única saída para o Brasil é o aeroporto.

Tomar a necessidade de reconhecimento da parentalidade dos desvalidos como um recurso ético que possa modificar em algo o sentimento de filhos do Brasil, embora confunda as duas esferas do público e do privado, tem mais do que um valor metafórico. Já Hannah Arendt(10) expôs melhor do que eu possa fazer, a fusão da família com a sociedade, numa administração doméstica da economia social, como se a política fosse a arte de administrar o grande lar do país. A esfera do privado, da intimidade, teriam sido absovidas por um público difuso e frágil. Não é totalmente bizzarro então que eu possa tratar da condição de cidadão como um problema de filiação. Saber o que fazer com as crianças é o mesmo do que encontrar algum caminho para o tema das origens e da dependência de uma herança simbólica.

Nesta semana, em São Paulo, Lúcio se recupera em uma incubadora de sua arriscada passagem pelo lixo. Na dúvida sobre como tratá-lo, no hospital o chamam alternadamente de Lúcio, o nome do lixeiro que lhe salvou a vida, ou Alexandre, o grande. Junto dele, Vitória, nome dado no hospital ao bebê encontrado numa sacola de nylon, pode escolher entre os 50 casais que disputam sua adoção. Porém, o pedreiro que a encontrou, pai de 18 filhos, considera ter alguma preferência sobre a posse de Vitória, pois foi Deus que lha enviou, e pretende chama-la de Suelen Aparecida. Em Cachoeirinha, outra menina, também chamada de Vitória provoca comoção pública por ter sido descartada numa lixeira e encontrada po um vigilante que a levou a um hospital e dali às páginas dos jornais.

Estes pequenos que da condição de dejetos foram içados à de objetos de disputa por inúmeras famílias, numa epidemia de desejo promovida em boa parte pela imprensa, colocam belas questões. Trata-se de uma verdadeira vitória, como a repetição do nome atesta.

Os jornais estão totalmente tomados pelo tema das crianças jogadas no lixo, estatísticas estampadas diariamente vão formando uma idéia de quão generalizado é o fenômeno, A Zero hora de hoje traz a cifra de 54 bebês descartados na lixeira no ano de 95, nada menos que nos Estados Unidos. Como podem ver, não são nem números novos, nem fatos restritos ao Brasil. Nova talvez seja a disposição de enfrentar o tema.

Mas para que serve tanto assunto, perguntaremos, se aos que cresceram demais para que possamos esquecer suas origens miseráveis, que são as nossas, temos como solução o extermínio, a lixeira tardia? A esterilização das origens dos brasileirinhos abandonados, quando os deixamos sobreviver, através do confinamento em campos de concentração estatais onde sejam privados de identidade e história é outra das vertentes do assassinato da identidade e esperança nacionais.

Sabemos que os trabalhos que rendem efeitos entre as crianças expostas tardiamente são aqueles que resgatem de alguma forma elementos de identidade deles, conduzidos por profissionais mais ousados que não tenham medo de ocupar espaços não esterilizados. Exemplo disto é a escola de rua dos meninos da praça do cachorrinho conduzida pela professora Deidre Bicca, de que tivemos notícia pela imprensa. Esta experiência de ensinar o que eles pediram no lugar onde eles estavam mostrou algumas coisas interessantíssimas de se pensar. Os meninos pediram uma escola de verdade, aprendendo coisas de utilidade discutivel, sem nenhum tipo de imediatismo, mesmo sabendo que, em sua maioria aidéticos, a morte chegaria antes de que pudessem ganhar algo com isso.

O resgate da esperança é lento e de resultado duvidoso, muitas vezes não fazemos mais do que dar uma sobrevida subjetiva a alguém pouco antes da morte objetiva chegar. Teremos que admitir um trabalho com as crianças independente da utilidade que estas possam ter. Pensar somente em sua profissionalização ou na sobrevivência concreta, mais uma vez deixa o ser brasileiro valioso apenas quando em condições de uso. Assim como um velho serve apenas como testemunha de um lugar no passado, uma criança não deve ser mais do que uma promessa de futuro. Não há nada mais útil à nossa subjetividade do que a existência desta linha do tempo viva, sem ela estamos fadados a um presente pontilhado pelo medo da morte e a vivência da angústia.

A conivência com o assassinato e a impunidade dos criminosos da Candelária, por exemplo, enchem de desesperança àqueles que se consideram alinhados entre os justos. Mas o horror não nos ajuda. Por isso torna-se necessário que possamos refletir de forma mais generalizada sobre quão intolerável é o tema da origem e da filiação. Na condição de brasileiros cremos ter argumentos concretos para pedir divórcio deste pai-país tão abandônico, porém é justamente este recalque da filiação nacional que deixa cada habitante do país tropical tão próximo da condição objetal, tão à mercê da fantasia de valer apenas pelos seus órgãos ou partes carnudas. Afinal, ninguém virá nos buscar e se partirmos, continuaremos fatalmente brasileiros. Que tal então, pensar em ficar?

Porto Alegre, julho de 1997

BIBLIOGRAFIA:

(1) Winnicott,D.W. A tendência anti-social (1956) Textos Selecionados da Psicanálise à Pediatria. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1993.

(2) Melman, C.. Alcoolismo, Delinqüência, Toxicomania – Uma Nova Forma de Gozar, São Paulo, Escuta, 1992.

(3) Veyne, P..História da Vida Privada, Vol. I, São Paulo, Companhia das Letras, 1990.

(4) Spitz, R..

(5) Lasch, C..Refúgio num Mundo Sem Coração, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1991.

(6) Nabinger, S.. in Revista da INTERPOL, número 428, 1991, España.

(7) Heller, A..Para Mudar a Vida, São Paulo, Brasiliense, 1982.

(8) Freud, S.. Sobre o Narcisismo: Uma Introdução, in Ed. Standard Brasileira, Vol. XIV, Rio de Janeiro, Imago, 1980.

(9) Freud, S.. Feminilidade, Novas Conferências Introdutórias Sobre Psicanálise, in Ed. Standard Brasileira, Vol. XXII, Rio de Janeiro, Imago, 1980.

(10) Arendt, H.. A Condição Humana, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1995.

AS CITAÇÕES DE REPORTAGENS JORNALÍSTICAS PERTENCEM AOS JORNAIS E DATAS ABAIXO ESPECIFICADOS:

Jornal Zero Hora, 25 de maio de 1997: reportagem “Escola de rua dá lições de esperança: maltrapilhos, doentes e sem lar, jovens criam um colégio marginal e encontram uma razão para continuar vivendo” de Eliane Brum. 7 de julho de 1997: “Vontade de viver esbarra na frieza” de Eliane Brum.

Jornal Zero Hora, 9 de julho de 1997: “Os bebês abandonados” de Paulo Sant’Ana

Idem: “Bebê é encontrado dentro de lixeira em Cachoeirinha”.

Jornal Zero Hora,10 de julho de 1997: ” Vidas jogadas no lixo” de Xico Reis.

Idem: “Carnaval do Pavor” de Ricardo Stefanelli.

Folha de São Paulo, 5 de junho de 1997: “Bebê encontrado no lixo pode ser adotado” de Marcelo Oliveira e “50 pessoas querem adotar bebê em São Paulo”.

Publicado no livro Psicanálise e Colonização organizado por Edson Luiz André de Souza, Ed. Artes e Ofícios
18/01/99 |
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Meu netinho virtual

Sobre o fenômeno do Tamagotchi

Esta cada dia mais dificil fazer uma criança acreditar que o leite possa vir da vaca. Pelo gosto que anda eu também não acredito mas a questão não é essa. Nos afastamos da natureza, o ciclo vital nos é cada dia mais estranho, ver bixos crescendo, parindo ou morrendo é uma experiência que nem todos tem oportunidade. O ciclo das estações já não é contemplado nas possibilidades sobre as plantas mas nos transtornos que possa nos causar. Definitivamente nos afastamos da natureza, cada dia a louvamos mais, somos todos ecológicos mas mais urbanos. A natureza mesma já não é o cotidiano e sim o exótico.

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18/01/98 |
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Brinquedo assassino sobre adultos e crianças no fim do século XX

Texto sobre violência e abusos

Em 13 de fevereiro de 1992, dois meninos ingleses, Jon Venables e Robert Thomson, ambos de 11 anos, seqüestraram no interior de uma loja de departamentos o pequeno James Bulger, de 2 anos, cuja mãe encontrava-se distraída no momento. Iniciou-se então uma jornada de 5 km, ao longo dos quais Bulger foi arrastado, tendo sido visto ao longo do trajeto por 38 adultos. Ao final Jon e Robert assassinaram James ao cabo de muita tortura.

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18/09/94 |
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