A melhor crônica dos últimos 15 minutos
Sobre o disco dos Titãs
O novo disco dos Titãs vem com o curioso título: “A melhor banda de rock de todos os tempos da última semana”. O título já é bom, mas há a letra da música homônima é melhor. Começa assim: “Quinze minutos de fama/ mais um pros comerciais/ quinze minutos de fama/ depois descanse em paz” retomando a famosa frase de Andy Warrol.
Os normais: amor com humor
Sobre o programa humorístico Os Normais em 14/11/2001
Vani ergue a cabeça, sai do entrevero erótico, olha o telespectador e diz: não se iluda, estou pensando em outra coisa. Rui também sai da cena e expõe suas ridículas mesquinharias. Está no ar “Os normais”, uma sátira da relação amorosa que tem cativado até o público menos televisivo.
Finados mas não findos
Sobre a morte
O enterro que mais nos preocupa é o nosso. Quem não fantasiou estar presente à cena de seu próprio velório para observar as homenagens de que seriamos objeto? Muitas vezes quando tristes imaginamos nossa morte como forma de suprema vingança, pois é aí que eles (os que não souberam nos amar) sentiriam nossa falta. De qualquer maneira depreende-se daí que não supomos a morte sem lhe atribuir um beijo de adeus, tão importante que por ele chegamos a imaginar morrer.
Harry Potter e a magia da leitura
Sobre o livro de Rowling em 10/10/2001
Agradeço a Sra. Rowling por lembrar a todos que o livro tem futuro, basta escrever a coisa certa. O mais interessante deste sucesso editorial é o pasmo com que foi recebido. Incrível,crianças lendo…
Todo mundo em pânico
Sobre os atentados 11 de setembro
“Inferno na Torre”, “Alien”, “Tubarão”, “Independence Day”, “Armagedon”, “Pânico”, “A Bruxa de Blair”, “O Exorcista”, a lista é infindável. Como se duas grandes guerras mundiais não houvessem nos saciado de traumas e catástrofes, produzimos o horror como forma de lazer. Por que precisaríamos cultuar os nossos medos?
Crônica de uma geração
Sobre Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva
Marcelo tinha vinte anos de idade e deu um mergulho quase fatal, a década de 70 findava, passavam 8 anos que seu pai havia sido engolido pelos porões da ditadura. Assim que pôde, escreveu. Paralisado, teve o distanciamento necessário para contar a vida privada da juventude que cresceu no regime militar. Jovem no tom entesado, maduro como o olhar de um velho, o relato do livro é temporalmente ímpar. Escrito numa época da vida em que se fala mais do que se pensa, se pensa mais do que se entende, se faz mais do que se sente e se sente mais do que se suporta.
Mulheres de plástico não têm diário
Sobre o livro Diário de Bridget Jones
Toda mulher está acima do peso, é menos amada do que gostaria, menos feminina do que deveria, socialmente inadequada, mulher quando teria que ser profissional e profissional quando teria que ser mulher. Não bastasse esta apreciação pouco condescendente de si, o mesmo olhar cruel castiga o mundo: está sempre pronta a perceber o ridículo dos homens, das outras mulheres e das situações da vida. Graças aos céus o humor existe, nele encontramos uma forma de minimizar este olhar que castiga e é então possível relaxar. O “Diário de Bridget Jones”, livro e filme, representam a consagração deste filão para as mulheres. Continue lendo…
Encontros e desencontros segundo Claudia Tajes
Sobre o livro Dores Amores e Assemelhados
O amor deveria ser a celebração da união, mas o encontro é exceção em uma regra de solidões e mal-entendidos. Dores, amores & assemelhados, romance de Claudia Tajes, faz parte de série recente de tragicomédias amorosas brasileiras (no cinema Pequeno Dicionário Amoroso, na TV Os Normais), onde o amor e o sexo se despem dos véus da idealização e os mortais aprendem a conviver com o infalível ridículo.
Futuro do Pretérito
Pretérito sobre os filmes De Volta para o Futuro e O Exterminador do Futuro
A ficção científica é um exercício de futurologia, nisto o Exterminador do Futuro (agora na versão três) não foge à regra, mas nele a viagem é de volta. O presente que os personagens vivem na trama deste filme se apresenta como transcorrido no seu próprio passado. Na ficção raramente se viaja no tempo a passeio, via de regra o acesso a essa dimensão visa alterar alguma coisa. No passado pretenderá aprimorar seu destino (ou da humanidade, se a intenção for mais altruísta), se a jornada for para o futuro, será para colher os dados que orientem o caminho a seguir.