Zero Hora
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Vida besta

Sobre o filme queime depois de ler

O título do último filme dirigido por Joel e Ethan Coen, “Queime depois de ler”, é uma expressão que pode estar no fim de uma importante mensagem secreta, mas também significa que não vale a pena guardar. Opto pela primeira.

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15/04/06 |
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Os ovos

Sobre a arte de envelhecer, em 15/04/2006

Quando a conheci ela tinha 77 anos e problemas de 47, já vão uns dez anos. Dilemas de amor e conflitos com a mãe envelhecida. Vou chamá-la de dona Irma. Semana passada encontrei sua neta e soube que continua lúcida, curiosa, conectada. Senti saudades, foi minha paciente, mas me ensinou muita coisa.

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15/04/06 |
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Fofoqueiros da aldeia global

Sobre os paparazzis, a modelo e as ridículas famas instantâneas

Veio por e-mail: a imagem é de um pacotinho de massa instantânea, onde se lê: “Miojo Cica, sabor galinha, e só esquentar na água e comer”. Para quem passou os últimos dias em Marte, a “piada” é a propósito da ampla divulgação de um vídeo da transa da modelo Daniela Cicarelli com seu namorado numa praia, captada por um paparazzi.

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10/04/06 |
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O show da banalidade

Sobre vários tipos de reality shows

Mal nos recuperamos de mais um Big Brother, com suas notícias constantes e desimportantes sobre vidas insignificantes, em tramas tão medíocres que fazem as telenovelas parecerem obra de Proust. Mas os reality shows estão longe de restringir-se ás disputas pelo prêmio milionário da audiência, por ser o melhor espécime do zôo global. Entre outras, há uma modalidade muito em voga na televisão britânica, (passa em nossos canais a cabo) nas quais as personagens são gente comum, mas as recompensas não são monetárias, nem o efeito é de celebridade instantânea.

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05/04/06 |
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O Causo dos Quatro Negros

Sobre o livro de Luis Augusto Fischer

Aqui nos pagos estamos acostumados ao Luís Augusto Fischer como professor de literatura, ensaísta e autor de dicionários, tão precisos quanto bem humorados. Pois resulta que de tanto lidar com o jeito particular que temos de torcer as palavras para a nossa sardinha, sejam as regionais, as estrangeiras ou os ditos espirituosos, aconteceu dele usar tudo isso para contar uma história, várias aliás, em sua primeira experiência com a narrativa longa. Trata-se de Quatro Negros (Ed. L&PM).

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22/02/06 |
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Simplicidade complicada

Sobre o livro de Marcelo Carneiro da Cunha, Simples, o amor nos anos 00

Amores de verão não são necessariamente fugazes, mas se o forem, nem por isso serão menos importantes. Setembro e outubro são cheios de aniversários, afinal, o descanso favorece os encontros. O fim das férias sempre traz o tema do amor, se algo não aconteceu, queixamo-nos de que deveria ter ocorrido. Se foi passageiro, temos o resto do ano para lembrar, com saudade, mágoa ou prazer. Portanto, talvez mais do que na primavera, é no verão que convém falar de amor.

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11/01/06 |
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Os que vão morrer

Sobre a morte nos hospitais, crônica não publicada

Amanhã, faz exatos vinte anos que se encerrava outra agonia, nem tão global quanto a do papa, mas que foi importante para os brasileiros: a do primeiro presidente pós ditadura, Tancredo Neves, cuja doença acompanhávamos apreensivos pelo destino da nossa renascente democracia. O espetáculo público do fim da vida destes homens ilustres, entre tantos outros que tiveram direito a cortejos monumentais, faz parecer que temos lugar para a morte em nossa sociedade. Suportamos e até glorificamos a exposição de seus corpos, mas essas homenagens não implicam em que estejamos habilitados para um trato social com o ato de morrer, cujo acontecimento ainda é para nós um tabu.

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07/01/06 |
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Apocalipse Now

Sobre a fantasia de fim de mundo

Um final pode ser feliz. Formaturas e festas de Ano Novo, por exemplo, são finais celebrados. Mas nem só de pequenos finais vive o homem, os grandes também têm seus encantos. A idéia de que o fim do mundo é eminente parece tender a desencadear um imenso carnaval orgiástico, ao estilo catástrofe festiva do declínio do Império Romano.

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28/12/05 |
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Fora da toca dos ursos

Ursos sobre os incluidos e excluidos sociais

O natal é uma festa de família. É por isso que ainda conservamos o imaginário europeu da neve caindo lá fora, enquanto as famílias e amigos confraternizam em torno do fogo, como ursos hibernando na sua toca, mesmo com os habituais 30 graus lá fora. O importante é o contraste entre o frio externo e o calor interno, onde um valoriza o outro.

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14/12/05 |
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Turismo pela realidade cotidiana

Sobre artes plásticas e a Bienal de 2005

Para que serve visitar uma casa recoberta de pelúcia rosa? Uma parede que parece preenchida de vísceras? Ir a uma sala de museu sem obras? Atravessar um esvoaçante varal de camisas brancas? Assistir à propaganda de um produto absurdo? Experimentar combinações de cores, profundidades e formas inusitadas?

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30/11/05 |
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